O filme é Morrer Como Um Homem, o mais recente de João Pedro Rodrigues que já nos havia presenteado com obras como O Fantasma ou Odete.Este novo projecto foca-se no dilema de Tonia (Fernando Santos), um travesti da noite lisboeta, que pondera uma operação de mudança de sexo, este tem por um lado as suas convicções religiosas que não o permitem e por outro a pressão de Rosário (Alexander David), seu namorado, que insiste para que a intervenção seja levada a cabo.
A premissa é bastante relevante nos dias de hoje, visto ser um tema actual e bastante debatido e a forma como o filme é desenrolado faz-lhe jus. Vários acontecimentos e imprevistos, como o aparecimento de Zé Maria (Chandra Malatitch), filho de Tonia, fazem com que a história nunca perca o interesse.
Este filme é, contudo, muito pesado. É daqueles em que saímos do cinema verdadeiramente abalados e é essa a intenção de João Pedro Rodrigues, um feito alcançado.
Esta obra só perde pelos momentos sem qualquer razão de ser em que o filme pára para os personagens escutarem uma música e ficamos assim... Parados... Isto cria uma quebra rítmica desnecessária, bem como o uso de excessivos filtros de cor com que, sem razão aparente, a imagem fica de tons vermelhos ou azuis, levando a pensar que foi uma tentativa de mostrar uma certa ruptura com os padrões de imagem instaurados, algo completamente desajustado num filme como este, que se mostra verdadeiramente realista.
O realizador, mais uma vez, optou por actores desconhecidos do grande público, muitos deles profissionais do travestismo, é o caso de Fernando Santos, Jenni La Rue (A Raiz do Coração) e Cindy Scrash, que desempenham muito bem os seus papéis. Jenni La Rue é verdadeiramente formidável! O único actor já conhecido do público é Fernando Gomes que é impressionante no papel de gerente do bar nocturno onde Tonia actua, mas o destaque nas interpretações vai pra Alexander David, que é notável no papel de Rosário, toxicodependente e namorado de Tonia.
Um filme a ver!
Nota: 8/10
O trailer:
